terça-feira, 4 de junho de 2013

Minha história com o NEPSO, por Eloísa Soares

O NEPSO chegou na minha vida de supetão. Fui abordada no corredor da escola, às vésperas da reunião e fui no susto. Estando lá, comecei a pensar que “aquilo” seria uma chatice! Mas, enquanto as palestrantes iam falando, interagindo com o grupo de educadores, fui percebendo que talvez seria uma boa oportunidade de aprendizado.
No final do dia - eu estava exausta - as palestrantes nos confiaram uma tarefa. “- Ah, a tal pesquisa de opinião!”, pensei. E o tema era Bullying, quase chorei! Cansada, com o raciocínio lá no pé, pensei em desistir, ainda mais quando olhei a pia cheia de louça, jantar pra fazer, filho pequeno querendo atenção... De repente, o celular toca. Era minha amiga pedindo que eu fosse até sua casa. Larguei tudo e fui. Pensei: “-Por lá mesmo faço minha entrevista”.
Entrevistei minha amiga, o marido dela, a sobrinha, a filha e, por fim, o filho mais velho, J.V. Entre risadas e brincadeiras, a coisa ficou bem séria quando fiz a pergunta: “Você já sofreu bullying?”. O jovem começou a chorar e relatar fatos horríveis que vinham acontecendo com ele há algum tempo no âmbito escolar: perseguições, ameaças, agressões físicas e psicológicas.
Conversei com os pais, mesmo a contragosto do menino que estava com medo. A mãe atribuía a mudança de comportamento de J.V. à chegada da irmãzinha, mas a situação era bem pior. O menino estava matando aula e havia desistido de estudar.
Que dia difícil! Voltei pra casa e retomei meus afazeres, mas o pensamento era um só: que amanhecesse e eu pudesse estar no curso e relatar o que havia acontecido.
Segundo dia de NEPSO, minha visão e expectativa eram outras e reconheci que através daquele tempo (que não foi perdido), tive a oportunidade de ajudar alguém que convivo há tanto tempo, mas que de longe, não percebia o que acontecia. Através do "dever de casa" do NEPSO, pude perceber, mais uma vez, que as aparências enganam. Hoje o NEPSO faz parte da minha vida!

Eloísa Soares é professora da Escola Municipal Serra do Sambê, em Rio Bonito-RJ.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Encontro “Olhar a prática: um exercício de reflexão” – Um tempo de troca

Diferentes línguas e sotaques discutindo sobre sistematização. Isso resume o Encontro “Olhar a prática: um exercício de reflexão” que aconteceu nos dias 14 e 15 de março, na cidade de São Paulo. A equipe da Ação Educativa reuniu em sua sede representantes de todos os polos da rede com o intuito de promover uma cultura de registro das práticas docentes e construir coletivamente uma metodologia NEPSO de sistematização.
Numa primeira etapa, os participantes foram divididos em pequenos grupos para analisar registros de pesquisas realizadas em polos diferentes do seu de origem. Posteriormente, os grupos apresentavam aos demais a análise feita, destacando qualidades e possíveis lacunas, e cada integrante do grupo foi estimulado a escrever uma devolutiva – carta apresentando aspectos positivos e pontos a melhorar – ao autor do material. Ficou clara a diversidade de perspectivas de como deve ser produzido um registro e a necessidade de definir um modelo que defina critérios de documentação, sem interferir nas particulares de cada local.
Foi então que Cristina Meireles, coordenadora executiva da Casa 7 – Memórias e Aprendizagens*, e especialista em sistematização, destacou os pontos citados em todas as apresentações e orientou a elaboração de uma pauta comum de observação da prática do docente pesquisador. Sob o lema “o que não está escrito, não existe”, todos definiram o que deve constar nas sistematizações das experiências no uso da metodologia NEPSO.
No segundo dia de curso, os participantes foram novamente divididos em grupo, dessa vez com seus companheiros de pólo, para analisar o próprio registro. Agora, com um olhar direcionado e um parâmetro de análise, puderam examinar o documento de maneira mais reflexiva, crítica e escrever uma devolutiva mais consistente ao autor.
O Encontro foi um tempo de muita troca e crescimento. Estimulou os participantes a refletir sobre sua própria prática e observar a prática alheia com olhar generoso. Permitiu que as diferentes mentes e culturas pensassem juntas para um mesmo propósito. Provou, mais uma vez, que a aprendizagem é um constante processo de reinvenção.  

*Casa 7 – Memórias e Aprendizagens é uma organização sem fins lucrativos, fundada em 2006, com a missão de contribuir para o fortalecimento da prática social e de seus atores pela via da valorização e articulação das memórias, aprendizagens e conhecimentos que dela derivam.

Por: Debora Teixeira